Publicidade
Publicidade
Projeção para a economia em 2021 parece não favorecer população de baixa renda. Apesar do governo federal afirmar que está trabalhando para que haja uma rápida recuperação no PIB nacional, pesquisas mostram que o mês de janeiro será de fome e desemprego para parte significativa da população. A previsão é que com o fim do auxílio emergencial, os índices de miséria tenham alta.
Um dos principais efeitos do covid-19, além da crise sanitária que vem matando milhares de pessoas, tem sido o declínio da economia. Trabalhadores passaram a entrar na lista do desemprego e a fome vem se tornando uma realidade cada vez mais presente na vida dos cidadãos de baixa renda.
Diante das tais dificuldades, uma das alternativas encontradas pela gestão pública federal foi a criação do auxílio emergencial. Por meio do benefício mais de um milhão de brasileiros passaram a ser contemplados com mensalidades que variaram entre R$ 300 e até R$ 1.200 para ajudar a sanar as contas.
Porém, segundo as projeções da equipe econômica a liberação do auxílio será encerrada em meados do mês de janeiro. Dessa forma, o que se espera é que ao menos 15% desse grupo de contemplados fique em situação de extrema pobreza.
Fome em evidência
De acordo com levantamentos feitos pelo pesquisador do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), a taxa da pobreza extrema deverá ser acrescentada entre 10 e 15% durante o mês de janeiro. Isso significa dizer que ao menos 13 milhões de pessoas deverão sobreviver com US$ 1,90 por dia.
Há ainda um outro indicativo onde aproximadamente 51 milhões de brasileiros deverão sobreviver em situação de pobreza com US$ 5,50 por dia. O crescimento será de quase 30% se comparado com o ano passado.
A taxa de pobreza extrema será muito alta devido a dois fatores: a população mais pobre depende basicamente de programas sociais e do mercado de trabalho, que foi muito impactado negativamente para ocupações de menor escolaridade e rendimento”, diz Duque.
Desemprego gera paralisação econômica
Outro ponto também em destaque são os efeitos do desemprego. Com o mercado de trabalho totalmente afetado pela pandemia, espera-se que parte significativa dos trabalhadores permaneçam sem assistência ao longo do primeiro semestre de 2021. O que significa que haverá um aumento na procura por vagas quando os setores vivenciam um processo de retomada.
“Um dos impactos bastante previsíveis é que muitas pessoas que tinham deixado de procurar emprego devido à pandemia vão acabar voltando. Com isso, a taxa de desemprego vai aumentar, porque nem todo mundo vai encontrar emprego.”
O economista explica ainda que normalmente o início do ano é sempre mais difícil para contratações, o que deve agravar ainda mais o cenário. “A taxa de desemprego no primeiro trimestre geralmente é a mais alta do ano, o que vai se somar a esses fatores negativos”, diz.
Sobreviver virou uma luta
Com tantas dificuldades para ingressar no mercado ou até mesmo colocar comida em casa, psicólogos e demais especialistas sociais afirmam que sobreviver para muitos tem sido uma luta.
Letícia Bartholo, especialista em programas de transferência de renda, explica que a assistência do poder público deve ser vista como algo essencial para garantir condições mínimas para essa parte da população. Ela defende a extensão do auxílio emergencial como uma obrigatoriedade no cronograma político.
“Idealmente, haveria um processo de saída paulatina do auxílio — ou seja, com redução desses R$ 300 ao longo dos meses, até pra avaliar em qual tempo será a retomada econômica — e essas pessoas, conforme a renda, seriam incorporadas ao Bolsa Família ou a alguma iniciativa de transferência de renda não contributiva. O cenário para janeiro de 2021 para as pessoas mais vulneráveis é um buraco. Eu sinto muito que assim seja, mas infelizmente o Estado brasileiro não foi capaz de coordenar alguma solução”, defendeu ela.
É válido ressaltar que até esse momento não se sabe o futuro do Bolsa Família. Segundo fontes administrativas, o presidente Jair Bolsonaro e sua equipe só deverão anunciar novidades em janeiro.
Caso o programa seja cancelado, todos os números citados tendem a dobrar, uma vez em que o projeto atende mais de 14 milhões de famílias pobres.
Fonte: Eduarda Andrade / fdr.com.br