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As contas do governo fecharam mais uma vez no vermelho em março deste ano, e de acordo com especialistas, os pagamentos de valores mais elevados do Programa Bolsa Família pode ter sido um dos responsáveis, além da queda na arrecadação. Segundo o Tesouro Nacional, o saldo negativo foi de R$7,1 bilhões, valor acima dos R$6,7 bilhões de março do ano passado e quase o dobro dos R$3,7 bilhões que os economistas esperavam.
O economista da XP Investimentos, Tiago Sbardelotto, afirmou em uma nota que a corretora enviou para clientes que o novo programa de transferência de renda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou no início de março foi o principal impulsionador do aumento dos gastos do governo no período, pois houve um crescimento de 80% nos gastos com o programa. A queda de 2,5% nas receitas, que dizem respeito a arrecadação de impostos principalmente, também foi mencionada.
“O déficit mais forte do que o esperado em março decorre tanto de um gasto maior quanto de uma queda nas receitas. Em relação ao primeiro, fica claro que os gastos com o programa Bolsa Família são o principal impulsionador desse aumento (…). Houve um aumento de cerca de 80% no Bolsa Família e de 11% nas despesas discricionárias, principalmente relacionadas a educação e transporte”
Tiago Sbardelotto, economista da XP
Governo continua no vermelho com novo Bolsa Família
A explicação do economista tem como base a expansão dos gastos do governo federal com o novo Bolsa Família, que após substituir o antigo Auxílio Brasil, elevou a quantia paga mensalmente e criou novos benefícios que, na prática, elevarão o valor final recebido pelas famílias. Somente em março foram gastos cerca de R$14 bilhões com o novo programa, quase metade dos R$30 bilhões que o antigo programa pretendia gastar no ano passado inteiro.
Contudo, vale lembrar que o antigo Auxílio Brasil, que como regra deveria pagar R$400 ao mês para todas as famílias atendidas, passou por mudanças no período pré-eleitoral do ano passado, situação que fez o gasto anual crescer acima dos R$30 bilhões planejados. O valor pago foi elevado em R$200, passando para R$600 ao mês, além da inclusão de milhões de famílias que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez as vésperas da eleição, aumentando os gastos do governo.
O novo Bolsa Família e os gastos do governo
O novo Programa Bolsa Família, quando foi lançado, seguiu atendendo os mais de 21 milhões de beneficiários que o antigo programa social de Jair Bolsonaro atendia. Ou seja, em relação ao número de beneficiários não houve aumento em março, pois esse número já vinha crescendo desde meados de 2022, o que explica boa parte do crescimento dos gastos na comparação de março deste ano com o mesmo período do ano passado.
Essas alterações também ocorreram em relação a quantia paga, que era de R$400 ao mês em março de 2022 e de R$600 em março deste ano. Contudo, esta mudança não foi feita no atual governo, tampouco nos últimos meses, pois o Congresso Nacional autorizou o pagamento desses R$200 a mais em julho do ano passado. O valor extra deveria ser pago somente até dezembro, porém, devido a necessidade dos beneficiários, o atual governo prorrogou este pagamento e o transformou em valor mínimo obrigatório.
Além disso, com o lançamento do novo Bolsa Família também foram anunciados novos benefícios adicionais, que deverão começar a ser pagos em junho, elevando ainda mais a quantia recebida pelas famílias e o gasto mensal do governo com as famílias em situação de vulnerabilidade social. No entanto, um desses novos benefícios já está sendo pago, repassando R$150 a mais para cada criança com até seis anos que o grupo familiar apresentar, o que pode ter contribuído para o aumento das despesas do governo.
Fonte: Jeferson Carvalho/ canalconsultapublica.com