Não é novidade que possíveis golpes no Bolsa Família têm chamado a atenção dos órgãos reguladores do governo. Além do TCU (Tribunal de Contas da União), a CGU (Controladoria-Geral da União) também elaborou um relatório referente as irregularidades no benefício de transferência de renda. Segundo a Controladoria, o governo arcou com mais de R$ 2 bilhões em fraudes.
Com essa desconfiança desde o final do ano passado, o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), já tinha aprovado que houvesse um “pente-fino” no CadÚnico (Cadastro Único). Essa investigação está sendo comandada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e começou em fevereiro. O objetivo é desmascarar fraudes no Bolsa Família e tirar famílias em situação irregular do programa.
Na quinta (9), Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social disse que havia indícios de que 2,5 milhões de famílias estariam recebendo o benefício de maneira ilegal. Culpando o governo de Jair Bolsonaro (PL), Dias acredita que milhões de pessoas foram autorizadas a participar de maneira a “tentar ganhar votos” nas eleições do ano de 2022.
“O cérebro do Cadastro Único foi desmantelado. É como ter uma bagunça que você perde o controle”, afirma Dias. Ele aponta o fato de que fizeram um “apagão” nos computadores mais importantes que administram o Cadastro Único, o que pode ter levado ao aumento das famílias irregulares no Bolsa Família.
Alterações no Auxílio Brasil podem explicar irregularidades no Bolsa Família
O governo Bolsonaro trocou o Bolsa Família pelo Auxílio Brasil no final de 2021. Mas, mesmo antes disso, algumas das regras que antes vigoravam no primeiro programa perderam força. Por exemplo, as regras de condicionalidade que permitiam a liberação do auxílio desde que as crianças frequentassem a escola constantemente e atualizassem a carteira de vacinação, não valiam mais.
Lula já afirmou mais de uma vez que essas duas reivindicações, principalmente referente a vacinação, vão voltar a serem cobradas com a volta do Bolsa Família. Outra determinante que poderia explicar os casos irregulares no Bolsa Família é o aumento de famílias unipessoais, ou seja, famílias compostas por somente uma pessoa.
Contudo, são aproximadamente 5,5 milhões de famílias compostas por uma única pessoa. Existe suspeitas de que mais de um integrante do mesmo grupo familiar esteja recebendo o apoio financeiro, já que a composição familiar foi desfeita.
“Temos uma estimativa em mais ou menos 10 milhões de assegurados que correspondem à avaliação desta revisão cadastral. Acreditamos que aproximadamente 2,5 milhões dos que recebem apresentam sinais significativos de irregularidade”, disse Wellington Dias.
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